12/05/2009

Um museu para refrescar a memória

Domingo passado (10 de maio), a França celebrou a abolição da escravidão, uma data que faz referência a adoção, em 2001, da lei Taubira, que reconhece o comércio negreiro transatlântico e a escravidão, praticados pelo país entre os século XVII e XIX. Nessa época, os principais portos atlânticos franceses (Nantes e Bordeaux) faziam parte do chamado comércio "triangular" (África-Europa-Américas).

A instauração dessa jornada de comemoração foi iniciativa do ex-presidente Jacques Chirac e deve servir para gerar uma reflexão sobre a memória dessa tragédia, o lugar dela na história francesa e mundial. Esse ano, o evento foi marcado pela inauguração de um novo espaço permanente dedicado ao assunto, situado dentro do museu de Acquitaine de Bordeaux. Se Nantes foi o porto negreiro francês mais significativo, Bordeaux foi o ponto de embarque de mais de 130 mil escravos que partiram para as Antilhas, entre 1672 e 1837.

Em 750 metros quadrados, distribuídos em quatros salas, os visitante podem ver como se organizavam essas viagens sem retorno, em condições inumanas; e como o negócio garantiu a prosperidade dos portos da Europa Ocidental durante mais de 200 anos. O atual presidente francês, Nicolas Sarkosy, não participou da cerimônia porque defende o princípio de não reconhecer um passado escuro...seja ele qual for.


Texto: David Eliot (correspondente francês do blog)

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