06/10/2010

Bairrismo

A vida em Barça não está nada mal e agora mesmo não a trocaria por nada, mas como já dizia aquela velha música-clichê da minha terra, “eu não sou gato de Ipanema, sou bicho do Paraná”…Por mais que você rode por aí, a raíz tá lá, plantada mesmo. Não nasci em Curitiba, mas vivi mais de 10 anos na cidade e aprendi a duras penas, confesso, a gostar muito desse lugar. Demorei um tempo para fazer amigos locais, para deixar de achar todo mundo metido e suportar três tipos de estação no mesmo dia, sem falar do céu cinza e daquela chuvinha que com o tempo você nem nota mais. Nunca pensei, estando lá, que a qualidade de vida era tudo o que se falava. Só mais tarde, depois de dois anos em Fortaleza, entendi o critério de comparação nacional!

Mas claro, comparando com algumas cidades europeias, Curitiba ainda estaria um pouco longe de ser um modelo em transporte público, urbanismo, sustentabilidade, etc. Por isso tive uma surpresa quando ontem liguei a TV e vejo o Jaime Lerner na CNN, sendo entrevistado por Iñaki Gabilondo, um dos jornalistas mais respeitados da Espanha e um dos meus preferidos. O nosso ex-prefeito-governador participa da Conferência Internacional da Fundación Eduardo Barreiros e da Fundación Mapfre, que este ano tem como tema "A cidade sustentável", e divide cenário com ninguém menos que Gorbachov (ele mesmo, o Mijail), citando apenas um exemplo.

Com um espanhol impecável, falou da revitalização de centros históricos, de energias verdes, ciclovias, casas inteligentes e da importância dos espaços de convivência e integração. Não sei se me emocionei com as imagens da Ópera de Arame, do museu do olho e da canaleta do expresso ou se me rendi aos seus argumentos. Mas me deu um orgulho! E mais que isso, vontade de que essas ideias realmente fossem realizadas no Brasil. Assim, poderia voltar um dia sem a sensação de estar deixando pra trás hábitos que passaram a ser tão importantes na minha vida. Práticas que não são indispensáveis, mas depois que você as conhece, fica difícil viver sem: ir pro trabalho de bicicleta, caminhar de noite sem medo de assalto, ter metrô e não engarrafamento, praças e parques cheios de vida.

Pensando bem, se me emocionei com a canaleta do expresso, isso tem mais cara de saudades mesmo...



2 comentários:

  1. Ai não machuca esse coração aqui não amiga. Só de ver a foto aí me dá vontade de chorar! Amo Curitiba, e se vc tiver o link da entrevista libera aí tá?

    Beijos
    Van

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  2. Ai Vavas, a teoria da capital ecológica é linda, pena que não acontece na prática. E saudade faz a memória distorcer as imagens um pouqinho, né!? Um beijo bem grande.

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