A primeira marcha gay realizada na Espanha foi em 1977, porém o ato simbólico nunca ganhou força suficiente para se fazer respeitar. Por isso, a partir deste ano, com a participação massiva da comunidade, os esforços se concentram para transformar a festa em referência em toda a região do mediterrâneo. O problema é que este posicionamento tem dividido opiniões.
Para muitos, o clima de festa e alegria ajuda a atrair mais público e assim tornar o evento mais relevante e notório. Para outros, este tipo de postura transmite uma imagem estereotipada e pouco séria, o que atrapalha na luta por igualdade, por direitos e principalmente por respeito. "Nuestra sexualidad no está en venta", diziam em coro os membros da "Plataforma Revolucionaria Antipatriarcal", condenando a intervenção 'capitalista' na causa. Já David Martí, presidente da Asociación de Empresas para Gays, acredita que "se puede mezclar fiesta y reivindicación".
Se comparada à Parada Gay de São Paulo, com mais de três milhões de participantes, as manifestações européias são tímidas e revelam a intolerância e o preconceito que ainda existem por aqui. No nosso caso, apesar do êxito comercial e de público e apesar de sermos amados pelos estrangeiros pela nossa amabilidade e acolhimento, a intolerância mostrou a cara pintada de agrassão e morte. Vergonha.
Mas não somos os únicos. Em Sofia, capital da Bulgaria, por exemplo, as marchas do final de semana foram marcadas por ameaças e agressões. Com medo, os manifestantes desfilaram com capacetes de proteção e a toda velocidade. No ano passado, a marcha terminou com graves incidentes e a detenção de mais de 80 ultranacionalistas que haviam atirado pedras e garrafas contra os manifestantes.
m.