14/11/2009

Super Furry Animals na Idade da Luz

O Via Funchal foi um dos poucos lugares de São Paulo onde não faltou luz durante o apagão da última terça-feira. Mas o que faltou por lá foi público para curtir o show de abertura do Festival Indie Rock. Enquanto o Gogol Bordello encerrou a noite acendendo uns bons milhares de indies, os galeses do Super Furry Animals tocaram para algumas poucas dezenas de paulistanos.

Nada de muito estranho para um festival que já esteve esvaziado em 2007, quando trouxe o extinto The Rakes e o simpático Magic Numbers.

Enquanto milhões de paulistanos acessavam a Internet e se comunicavam pela escuridão da cidade com seus smartphones, os caras do Super Furry Animals optaram por jurássicas placas de programas de auditório para falar com a galera. “Aplausos”, “Obrigado” e “The End” faziam parte da linguagem usada pela banda, como se eles já soubessem que qualquer outra forma de tecnologia poderia estar inacessível naquela noite de blecaute.

Esse sistema de programas de auditório dos anos 50 contrastava com a falta de empolgação do vocalista Gruff Rhys, que nada tinha de apresentador de TV, a não ser a semelhança física com o Edgar da MTV. Ele parecia um tanto triste nas primeira músicas, como se não estivesse com vontade de tocar para um público tão restrito. Chegou a se sentar durante a apresentação. Mas logo se viu ser o jeitão do cara, mais intimista, e que não impedia que ele fizesse piadas tímidas com suas placas bem humoradas. Um verdadeiro indie.

E logo veio um dos grandes momentos do show, pra mim, quando tocaram “Hello Sunshine”, de quase 6 anos atrás. Quando ouvi os primeiros acordes lá do bar que ficava por trás das cortinas da casa de shows, caminhei hipnotizado em direção ao palco, até chegar o mais perto possível da banda. Tudo registrado pela câmera do celular e disponível aqui.


O estilo psicodélico que misturava distorções na voz e na guitarra dominou toda a apresentação, fechada com "Keep the Cosmic Trigger Happy”. Um show que não exigiu energia nem esforço físico da platéia. Apenas o olhar atento e a sensibilidade para curtir uma banda madura, recheada de boas músicas e alguns hits. Uma banda verdadeiramente indie, que tocou para alguns poucos e sortudos paulistanos. Uma banda de vibe comportada que preparou terreno para a loucura total do Gogol Bordello.

Aliás, uma das dançarinas da banda que encerrou o festival trazia estampada na camiseta a frase “Nasci para vencer”, junto do distintivo do Santos. A tabela do Campeonato Brasileiro sugere que a frase não poderia se referir ao time, mas sim ao próprio Festival Indie Rock. Porque, numa semana de Planeta Terra e Maquinária, o primo pobre dos festivais parece ter se saído o grande vencedor.

Por Daguito Rodrigues, em colaboração para o blog

Um comentário:

  1. Super Furry Animals no BRASIL??
    Só por que nao moro mais lá... sensacional!

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