01/06/2009

Kimya Dawson is playing in my house, in my house

Ontem, acabou oficialmente o Primavera Festival, o primeiro dos Festivais barcelonenses, como já leu aqui. E que melhor forma de acabar que um concerto da excêntrica Kimya Dawson, voz e violão, banquinho de boteco, de graça, na praça?

Paralelo a uma festa oficial de encerramento, na obrigatória Sala Apolo, a americana tocou os clássicos de sua carreira e as músicas que a fizeram famosa através da trilha sonora do filme Juno (2007). Clima totalmente descontraído, sem palco, sem glamour, sem esquemas de segurança e milhões de amplificadores. Como a música dela realmente deve ser. Provavelmente dentro do festival ela não se sentiria a vontade. E as milhões de pessoas, os inúmeros palcos simultâneos, os gigantes Bloc Party, Neil Young ou Sonic Youth iam desviar a atenção ou fazê-la parecer sonolenta. Ali, no Parque Joan Miró, ela pode tocar pra quem queria de verdade vê-la (e teve a sorte de estar presente).


E associado ao zero glamour de Kimya, pudemos presenciar a "dança" e a performance de um bêbado local, que subiu ao palco (a convite dela mesma) para "ilustrar" algumas de suas canções. Claro que a gente fez um videozinho.


Esse é mais um dos pontos que nos faz pensar sobre os rumos que a música toma (ou deveria tomar). Se o Primavera terminou extra-oficialmente assim, podemos também dizer que ele começou na quarta-feira (um dia antes dos shows oficiais e dia que o Barcelona conquistou a Champions) com a exibição do documentário "All Tomorrow's Parties" (co-dirigido por Jonathan Caouette) e da exibição dos vídeos da francesa Blogotheque com apresentação do criador Vincent Moon. Estes dois meios apontam para como a música pode ser vista, ouvida ou "consumida" de diferentes maneiras e para como isso, o (verdadeiro) artista deve tocar nos mais variados recintos, para os mais diferentes públicos e das mais diferentes formas. Se músico que é músico gosta de tocar e o público quer é ouvir, tanto faz se é num show dentro de um acampamento de férias (como faz o festival All Tomorrow's Parties - curadores de um dos palcos do Primavera Festival) ou se é uma apresentação para poucos em frente a um bar ou para ninguém, passeando pelas ruas francesas (para pegar exemplos de Bloc Party e do Andrew Bird, presentes nesta edição do Festival). Ou se é num parque, de graça, em mesa e banco de boteco, para uns poucos sobreviventes, como faz Kimya Dawson. Essa é a graça.

Por Ricardo Kenski, em colaboração para o blog.

3 comentários:

  1. Que inveja... Barcelona realmente deve ser duca, ano que vem vamos visitar vocês.

    Burzum

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  2. mto bom. q saudade de vcs e dessa cidade.

    abs

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  3. mandei errado e não coloquei o nome.

    abs

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